Vendendo a própria alma

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“Quem tenho eu no céu senão a Ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti.” (Salmos 73:25)

Estava esses dias procurando por um produto num site de compras, quando me deparei, estarrecido, com um anúncio de uma pessoa oferecendo serviços de pacto satânico para enriquecimento.

O mais surpreendente não foi encontrar na Internet um serviço que deve ser quase tão antigo quanto a humanidade. O que surpreendeu foi a quantidade de interessados. Pessoas aparentemente comuns, perguntando se o pacto iria enriquecê-las, pois precisavam de prosperidade independente de qualquer coisa.

Aquelas pessoas estavam dispostas a vender suas almas em troca de prosperidade. Outros anúncios semelhantes ofereciam casamento com a pessoa amada, e outros. Todos envolvendo algum tipo de negócio com entidades. E pior: Todos dizendo claramente que eram com entidades malignas, com o que a maioria ali não parecia se importar.

Não creio que seja possível vender almas, ou fazer pactos dessa natureza. Até porque, aquilo que supostamente teríamos a oferecer – nosso fôlego de vida – pertence ao Criador, não a nós.

Provavelmente, o leitor nesse ponto deve estar pensando: Nossa, que coisa terrível! Quem faria algo assim?

Na realidade, se deixarmos de lado a roupagem e olharmos pra essência isso é mais comum do que parece. Esses dias, uma pessoa veio me dizer abertamente que só se relaciona com o Criador, e só ora, porque espera algo em troca.

Cabe, portanto, uma reflexão: Quanto de nosso relacionamento com o Senhor é dependente das bênçãos que o relacionamento promete? Porque se o relacionamento é pautado nisso, não estamos de fato construindo algo sólido com Ele. Estamos tentando vender nossas almas.

O fato de algumas pessoas tentarem “vender suas almas” ou “fazer pactos” em troca de bênção com o próprio Eterno não difere em nada da atitude que aquelas pessoas têm quando buscam fazer pacto satânico: Elas estão buscando seus próprios interesses, sem qualquer preocupação com a retidão, a justiça e a verdade.

Nós sabemos que o Senhor de fato faz inúmeras promessas para aqueles que o buscam. E quem não gosta de ler as bênçãos prometidas aos obedientes em Deuteronômio 28, ditas a Israel pouco antes de sua entrada na terra?

Porém, essa não deve ser a essência do nosso relacionamento. Nós devemos nos relacionar com o Criador por três coisas: Primeiro por amor. Amá-Lo por quem Ele é. Entender que Ele está no princípio de nossa existência e que sem Ele nada somos. Lembre-se do que diz o salmista:

“Tu criaste o íntimo do meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo especial e admirável. Tuas obras são maravilhosas! Disso tenho plena certeza.” (Salmos 139:13,14)

Segundo, buscá-Lo por entender que os seus caminhos representam a retidão. É escolher viver em santidade e fazer aquilo que é justo, misericordioso e bom. Não porque pode nos trazer bençãos, mas porque é o certo:

“Escolhi o caminho da fidelidade; decidi seguir as tuas ordenanças.” (Salmos 119:30)

E terceiro, por gratidão. Quando focamos demais nas nossas necessidades presentes, podemos perder o foco daquilo que Ele já fez por nós:

“Eu te louvarei, ETERNO, com todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas.” (Salmos 9:1)

Se você deseja ver sua vida espiritual progredir – e isso ocorrerá a passos largos e de maneira incrível – você deve estar disposto a pautar o relacionamento com Ele em cima dessas três coisas.

E lembre-se do que disse Josué: “Eu e minha casa serviremos ao ETERNO.” (Js. 24:3b) Repare, não é “nos serviremos do Eterno”, mas sim “serviremos ao Eterno”.

Caso contrário, não é relacionar-se com Ele. É apenas tentar vender sua alma ou fazer um pacto de egolatria.