INTRODUÇÃO
Nem sempre estamos felizes em data festiva, como Dia das Mães, Dia dos Pais, aniversários ou qualquer outra. Ao contrário do que muitos pensam, há boas razões para se estar triste nessas ocasiões.
Datas assim podem ser particularmente difíceis, para pessoas que se encontram em situações especiais. Por exemplo, há pessoas que perderam um ente querido recentemente. Outras têm traumas e lembranças tristes que vêm à tona nessa época. E outras, ainda, têm relações familiares complicadas, que acabam tornando a data extremamente difícil.
Pode ser ainda mais doloroso quando é uma data em que todo mundo ao nosso redor está feliz e comemorando. Como somos seres sociais, é mais difícil estar triste no meio de pessoas alegres, pois isso nos faz sentirmos sozinhos em nossa dor, mesmo quando estamos acompanhados.
É muito difícil ter que lidar com sentimentos de luto, saudade, frustração, raiva, revolta, mágoa ou qualquer outro tipo de dor quando a sociedade ao nosso redor, seja por motivos culturais ou comerciais, bons ou ruins, justificáveis ou não, “esfrega” a felicidade em nossos rostos e nos cobra que não expressemos exteriormente nossos sentimentos.
A HISTÓRIA DE ANA
Existe uma história na Bíblia Hebraica que fala exatamente sobre um caso assim. Trata-se da história de Ana, uma mulher tinha uma dor muito grande porque não conseguia ter filhos. Para uma mulher no antigo Oriente Médio, os filhos eram praticamente a razão de sua existência.
Para tornar as coisas ainda mais difíceis, o marido de Ana tinha duas esposas e a outra esposa a diminuía, fazendo-a se sentir ainda pior.
Várias vezes ao ano, na época da colheita, os israelitas iam até o Tabernáculo, que estava em Shiló, para festejar e se alegrar diante do Eterno. Era daquelas épocas que todo mundo ficava alegre.
Numa época em que todos estavam extremamente alegres e participando de banquetes enormes, era assim que Ana estava:
“Isso acontecia ano após ano. Sempre que Ana subia à casa do Senhor, sua rival a provocava e ela chorava e não comia.” (1 Samuel 1:7)
Muito emocionada, Ana pediu ao Eterno que lhe desse um filho: “Certa vez quando terminou de comer e beber em Siló, estando o sacerdote Eli sentado numa cadeira junto à entrada do santuário do Senhor, Ana se levantou e, com a alma amargurada, chorou muito e orou ao Senhor.” (1 Samuel 1:9,10)
Nem o sacerdote Eli a compreendeu naquela ocasião: “Enquanto ela continuava a orar diante do Senhor, Eli observava sua boca. Como Ana orava silenciosamente, seus lábios se mexiam mas não se ouvia sua voz. Então Eli pensou que ela estivesse embriagada e lhe disse: “Até quando você continuará embriagada? Abandone o vinho!” (1 Samuel 1:12-14)
Nessa história, contudo, lemos uma frase emocionante: “O ETERNO se lembrou dela.” (1 Samuel 1:19b)
LIÇÕES
Essa história nos ensina três coisas:
1) Os Limites da Convenção Social
Uma das principais lições que observamos na história de Ana é que nós não somos obrigados a seguir os padrões sociais.
Enquanto estava todo mundo alegre e comendo, Ana chorava e estava sem apetite. Embora as pessoas a condenassem por isso, e algumas até debochassem dela, o Eterno a ouviu.
Mas muita gente acaba fazendo o contrário: Se forçando a ficar feliz num momento em que sente tristeza. Fazer isso é cometer para consigo mesmo uma enorme violência. Repare que o Eterno jamais cobrou isso de Ana, mesmo sendo datas em que as comemorações festivas eram importantes (vide Deuteronômio 14).
2) O Eterno Está Sempre Contigo
Da mesma forma que o Eterno esteve com Ana, o Eterno estará contigo durante o seu período de tristeza.
Muita gente acha que o Eterno só está conosco nos momentos bons, alegres ou nos quais nos sentimos abençoados. Mas, isso não é verdade.
Lembre-se do que diz o salmista: “À tarde, pela manhã e ao meio-dia choro angustiado, e ele ouve a minha voz.” (Salmo 55:17)
3) Ele nos Envia os Seus Anjos
Observe que nem o sumo-sacerdote Eli, um homem que deveria ter uma sensibilidade maior, compreendeu o que Ana estava passando.
Mas, ele mudou de posição quando Ana contou a ele o motivo de sua tristeza, dizendo: “Vá em paz, e que o Senhor de Israel lhe conceda o que você pediu.” (1 Samuel 1:17)
O Eterno sempre nos envia os seus anjos (no hebraico “mensageiros”) para nos confortar. São pessoas que oferecem um ombro amigo, uma palavra de conforto e realmente se importam. Nunca nos esqueçamos disso!
CONCLUSÃO
Não tenha vergonha nem se sinta mal de estar triste numa data festiva. Vivencie o seu sentimento de forma natural, expresse-o da melhor forma possível. Não se deixe pressionar pela sociedade!
Se houver pessoas que não te compreendem, recolha-se temporariamente e fique distante delas até que esse sentimento possa ser aliviado.
E lembre-se: O Eterno está sempre contigo e o Seu amor e o Seu cuidado podem ser sentidos nas pequenas coisas e pequenos gestos como, por exemplo, um abraço empático de alguém que se importa com você.