“Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque o Senhor sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como o Senhor, sabendo o bem e o mal.” (Gênesis 3:4-5)
Quantas vezes você já teve a tentação de comer jiló cru? E um brigadeiro, estando em dieta? A tentação nunca ocorre em cima daquilo que não desejamos.
Na narrativa do Éden, a serpente – que simboliza a nossa carnalidade ou inclinação ao mal – disse à mulher exatamente aquilo que ela queria ouvir.
Isto é, a mulher no seu íntimo já questionava porque as coisas deveriam ser daquela forma. Já ansiava ser como o Eterno e, talvez, ditar suas próprias regras. Posteriormente na narrativa, observamos que homem também tinha os mesmos desejos.
Os políticos no Brasil são muito parecidos com a serpente no Éden.
Desde que me entendo por gente, acompanho as eleições no Brasil. E vez após vez, vejo exatamente o mesmo fenômeno. E me sinto como um expectador que revê a cena do Éden a todo tempo.
Eleição após eleição, surgem candidatos com discursos acalorados, eloquentes e que parecem apresentar todas as soluções para o Brasil, em troca de “comer proverbialmente do fruto” – neste caso – votar neles.
E eleição após eleição, é sempre a mesma coisa: Passam-se as eleições, e esses “iluminados” se revelam como lobos em pele de cordeiro – ou seria em pele de serpente? Simplesmente, fazem mais do mesmo.
É muito triste ver, eleição após eleição, o povo brasileiro eleger seus salvadores da pátria, pensando que “agora vai”. Mas, onde está o erro? Voltemos ao Éden para avaliar.
Na narrativa do Éden, a mulher se esqueceu de fazer uma coisa: Não pediu à serpente nenhuma prova daquilo que estava sendo dito, nem tampouco parou para medir as consequências de seu ato.
O homem, por sua vez, também não questionou a informação trazida pela mulher – sequer verificou se não se tratava de “fake news”. Porque o discurso da serpente era exatamente o que o homem queria ouvir.
O político mais perigoso não é aquele de quem você discorda, mas sim aquele que diz tudo o que você quer ouvir. Porque esse é aquele que te fará cair na tentação de votar na base da emoção, sem checar racionalmente aquilo que ele diz.
Como não cair vítima da demagogia, tão antiga quanto a narrativa do Éden? A resposta é simples, mas dá um certo trabalho.
É preciso fazer as seguintes perguntas:
1) O que o político fez até hoje?
Deixe que os seus atos falem mais alto do que suas ações. Por inúmeras vezes, nos profetas, o Eterno criticou o povo porque seus atos não condiziam com suas ações.
Por exemplo: “Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniquidade; os vossos lábios falam falsidade, a vossa língua pronuncia perversidade.” (Isaías 59:3)
2) Com quem se associou?
Há políticos que se apresentam como arautos da moralidade, dizem nunca ter se envolvido em escândalo, mas quando olhamos para os partidos aos quais pertenceram, e com quem negociaram apoio, vemos que a história é bastante diferente. Procure observar isso na trajetória do candidato.
Lembre-se que a Bíblia Hebraica diz: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” (Salmo 1:1)
3) O discurso muda?
Como visto, uma das maiores características dos demagogos é dizer exatamente o que as pessoas querem ouvir. Mas, como aquilo que o povo quer ouvir muda conforme a circunstância, esses candidatos mudam de discurso a todo tempo. Especialmente quando têm alguma chance de se elegerem.
Lembre-se: “Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que agem fielmente são o seu deleite.” (Provérbios 12:22)
4) Apresenta ‘soluções fáceis’?
Os problemas enfrentados pelo Brasil não são fáceis nem simples de resolver, em nenhuma esfera. Seja na área da Educação, Saúde, Segurança Pública, Economia, etc. os problemas são bastante complexos. O bom gestor sabe disso, mas o demagogo encanta porque propõe soluções fáceis, como a serpente que ofereceu à mulher tudo que ela queria, em uma única mordida.
Lembre-se do que dizem as Escrituras: “Não sejas sábio a teus próprios olhos.” (Provérbios 3:7a)
5) É radical?
O bom líder não pode assumir posições radicais nem ser autoritário, pois governar significa estar disposto a dialogar, a ouvir todas as partes e entrar em acordos. A história nos mostra o quão desastroso é quando um governante – seja de que cargo for – adota uma postura autoritária.
Não se governa uma cidade, um estado ou um país sem diálogo. Lembre-se que a história de Roboão (sobre a qual falamos aqui) começou justamente com: “O rei, pois, não deu ouvidos ao povo.” (1 Reis 12:15a)
Conselho Final
Por fim, encerro dizendo: Gaste tempo lendo as propostas dos candidatos, pois elas te afetarão caso eles venham a ser eleitos. E cobre-os caso desviem-se delas. Não faça como a maioria das pessoas, que escolhe seus candidatos como quem escolhe um time de futebol para torcer.
E que o Eterno nos livre das serpentes que posam de seres iluminados!
Observação: Este artigo fala de linhas gerais, não foi escrito pensando nesse ou naquele candidato e serve para todas as eleições. Como este é um espaço voltado para a Bíblia Hebraica e o Monoteísmo, e não um debate ou palanque eleitoral, comentários que façam apologia a candidatos ou partidos políticos serão excluídos.