“Ora, o ETERNO disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.” (Gn. 12:1)
Já perdi a conta de quantas vezes escutei pessoas me dizendo que gostariam de ouvir um chamado como o de Abraão. Ou ainda, que estão aguardando o Eterno chamar para que possam saber para onde ir, ou até mesmo o que fazer.
Infelizmente, existe um problema que impede a maioria das pessoas de perceber que a história de Abraão não é bem desse jeito.
O problema é que a divisão das Escrituras em capítulos e versículos, algo que não existia no original, pode ter facilitado por um lado, mas por outro acaba interrompendo narrativas e estimulando as pessoas a começarem leituras no lugar errado.
E o maior segredo de Abraão é simples: Sua história não começa no capítulo 12, nem tampouco começa com esse chamado do Eterno. Observe o que é dito no capítulo anterior:
“E tomou Terá a Abrão seu filho, e a Ló, filho de Harã, filho de seu filho, e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur dos caldeus, para ir à terra de Canaã; e vieram até Harã, e habitaram ali. E foram os dias de Terá duzentos e cinco anos, e morreu Terá em Harã.” (Gn. 11:31-32)
Note bem: A descida de Abraão a Canaã não aconteceu por chamado do Eterno. Antes disso, seu pai já o havia chamado a descer a Canaã, juntamente com seu sobrinho Ló! Foi Terá quem deu início a esse processo todo.
Ora, se Terá já havia decidido descer a Canaã, por que então o Eterno chamou a Abraão para fazer o mesmo?
A resposta está no próprio texto acima: Eles foram até Harã, que era um ponto intermediário. E acabaram se demorando por ali, sem cumprir seu objetivo inicial.
Então Terá morreu e provavelmente Abraão e Ló se acomodaram, permanecendo no meio do caminho ao invés de ir até o fim naquilo que eles próprios haviam decidido fazer.
Ou seja: Não foi o Eterno quem escolheu Canaã como objetivo, foi o próprio Abraão ao acompanhar seu pai. O Eterno o abençoou onde ele já tinha decidido ir!
É claro que podemos pensar que o Eterno estava no comando de tudo, mas observe que Abraão não estava parado esperando o Eterno chamá-lo. Pelo contrário, Abraão já tinha um plano e estava no meio do caminho!
Talvez a perda do pai e o tempo que ficaram em Harã tenham tirado de Abraão as forças necessárias para continuar. O chamado do Eterno, portanto, veio a fortalecê-lo.
Disso, podemos extrair algumas conclusões para a nossa vida pessoal:
1) Não espere o Eterno agir
Abraão não ficou sentado esperando o Eterno agir. Ele começou a agir antes do Eterno chamá-lo. Não basta orar e pedir ao Criador a bênção, é preciso também colocar em prática, começando uma nova jornada.
2) Fuja da inércia
A ação do Eterno foi justamente ao contrário do que muitos pensam. Ele agiu para impedir que Abraão ficasse inerte. Com isso, podemos perceber que Ele deseja que nós nos movimentemos.
3) Tenha uma meta definida
O Eterno não age escolhendo caminhos por você. Ele age abençoando você nos caminhos que você mesmo escolhe a abre, pois Ele respeita o nosso livre arbítrio.
E se você não escolher um bom caminho? Confie que Ele te dará sabedoria para perceber isso e mudar de curso. Mas jamais fique esperando por medo de errar, pois isso não é bíblico!
Na parte 2, veremos outro aspecto importante desse grande segredo de Abraão.