Por que o mundo é injusto?

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Esses dias uma pessoa fez a seguinte pergunta: “Quem está no comando? Por que algumas pessoas nascem em berço de ouro, enquanto outras nascem na miséria? Por que o Senhor permite que haja guerras e matança e outras desgraças? Enfim, por que o mundo é injusto?”

Essa é uma pergunta bastante interessante. A principal dificuldade que existe diante dela está na premissa de que a primeira pergunta deva ser respondida dizendo que Deus está no comando.

Mas, será que é isso que a Bíblia diz? Observe a passagem abaixo:

“E disse o Senhor: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.” (Gênesis 1:26)

Para entender o relato da Criação, é preciso conhecer bem a cabeça dos semitas do antigo Oriente Médio.

A maioria deles acreditava que a humanidade era um mero joguete nas mãos dos deuses. À primeira pergunta, certamente eles responderiam: Os deuses!

Por exemplo, no Épico de Gilgamesh, lemos o seguinte:

“[O deus Enlil disse:] O barulho da humanidade é intolerável e não é mais possível dormir por causa de Babel. Então os deuses concordaram em exterminar a humanidade.” (O Épico de Gilgamesh – A História do Dilúvio)

Repare como a humanidade, para eles, estava totalmente à mercê dos caprichos dos deuses. E, assim sendo, não havia para eles um conceito de uma divindade apenas justa e amorosa. Os deuses eram tão inconstantes e instáveis quanto os seres humanos.

Foi pra esse público que o relato da criação no Gênesis foi escrito. Qual é, portanto, a ideia do autor ao escrever que o Senhor colocou o homem para ter domínio sobre a terra?

A resposta é simples: Para que o homem entenda que o que acontece com ele em seu habitat, com os animais e com o próprio planeta depende dele. É o ser humano quem está no comando da Criação!

Mas por que o Senhor não interfere quando o homem faz besteira?

Porque é plano dEle que a humanidade possa evoluir. Somos destinados à grandeza de sermos imagem e semelhança do Criador. Somos, por assim dizer, divindades em potencial.

Da mesma maneira que você precisa deixar o seu filho pequeno dar seus passos e levar seus tombos para que possa aprender, assim também a humanidade precisa de autonomia para que possa se desenvolver.

Se o Senhor interferisse a todo momento, o ser humano jamais amadureceria ou aprenderia a governar sobre a Criação.

Se pensarmos somente nessa existência, pode parecer algo cruel. Mas, na realidade, esta existência é apenas uma gota no oceano da eternidade. E todo mal é temporário e passageiro, quando colocado dentro desse contexto.

Aprendamos a nossa lição, portanto. Antes de apontar o dedo e perguntar por que o Senhor permitiu isso ou aquilo, devemos voltar o dedo para nós e perguntar: Será que estamos fazendo a nossa parte? Será que a humanidade está melhorando, ou piorando?

Quem está no comando: Será mesmo o Eterno? Ou foi algo que Ele delegou a nós?

Procuremos em nós mesmos a resposta, antes de imaginar que ela esteja em outras mãos.