Você pratica magia negra sem perceber?

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Fé x Magia

Provavelmente, se alguém te perguntasse se você é um praticante de magia negra, você diria que de jeito nenhum.

Porém, quando olhamos para a realidade dos fatos, o buraco é mais em baixo, e muita gente que diz que jamais faria isso pode, na realidade, estar fazendo sem perceber.

O dicionário Michaelis define magia da seguinte forma:

“Ciência, arte ou prática baseada na crença de que é possível, por intervenção de entes sobrenaturais e fantásticos, produzir efeitos inexplicáveis, especiais, irracionais e sobrenaturais, através de fórmulas mágicas e rituais ocultos.”

Repare bem que a diferença entre fé e magia está no fato de que a fé é você depositar sua confiança no Eterno, fazendo pedidos a Ele e crendo que Ele está no comando. Ele pode, inclusive, responder as orações de forma positiva ou negativa. (Falamos sobre isso nesta série de artigos)

Magia já é outra coisa: É tentar manipular forças, geralmente espirituais, para obter um dado resultado favorável a partir disso. É um ato bem mais mecânico e geralmente possui uma fórmula que precisa ser seguida.

Claro, não significa que uma oração pré-formatada seja um ato de magia. Mas, quando as pessoas acreditam que se rezarem um determinado salmo ou uma oração xyz, então automaticamente acontecerá algo, aí temos realmente um ato de magia.

Em outras palavras: Pedir algo ao Eterno é uma coisa, fazer uma cerimônia, oração, leitura, ritualística, etc. acreditando que essa ritualística irá gerar um determinado resultado sobrenatural, isso é um ato de magia.

E essa é a relação que muitas pessoas têm com a fé: Acham que se orarem determinadas orações, usarem óleo dessa ou daquela maneira, colocarem essa ou aquela vestimenta, sua oração será mais eficaz. O que faz com que essas pessoas estejam mais para a prática da magia do que de uma oração.

Lembre-se de que deve prevalecer a vontade do Criador: “O ETERNO fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios.” (Pv. 16:4a)

Repito: Não há problema algum de fazer orações ou cerimônias formatadas, usar objetos, vestimentas, etc. O importante é entender que essas coisas existem para ajudar você a se concentrar no Eterno, não para manipular a vontade dEle ou algum tipo de poder espiritual.

E, por mais doloroso que possa ser devemos aceitar o “não” quando vier. Como no caso de Davi: “E disse ele: Vivendo ainda a criança, jejuei e chorei, porque dizia: Quem sabe se o ETERNO se compadecerá de mim, e viverá a criança? Porém, agora que está morta, por que jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim.” (2 Sm. 12:22-23)

Magia Negra
Ainda assim, resta a segunda parte da pergunta: O que teria isso a ver com magia negra? Afinal, a maioria das pessoas, quando pensa em magia negra, pensa em matar animais, invocar demônios ou coisas afins. Mas, a coisa pode ser bem mais sutil do que isso.

Recentemente tive a oportunidade de conversar com um amigo que é de outra religião. Na fé dele, muito diferente da nossa. Eu perguntei a ele se na religião dele se praticava algum tipo de magia negra. A resposta dele foi bastante interessante. Ele me disse o seguinte:

“Olha, não deve haver na nossa religião prática de magia negra. Porém, há quem use das mesmas práticas mágicas que temos para bem, com finalidade negativa. Daí temos coisas como amarrações e outras.

A técnica é a mesma, o que muda é a intenção. Na magia negra, a intenção é sempre favorecer a pessoa que pediu, mesmo que para isso precise passar por cima do livre arbítrio da outra. E o pior é que nem sempre as pessoas percebem que estão fazendo magia negra.”

Agora reflita: Será que você, em algum momento, buscou algo que ferisse o livre arbítrio de outra pessoa? Isso é ainda mais comum do que a prática inadvertida da magia.

Quantas pessoas não pedem que seus respectivos cônjuges se convertam, mudem, ou até mesmo retornem a um relacionamento? Quantos pedem para que terceiros perdoem, tenham atitudes diferentes ou até sejam “quebrantados”?

Faça uma reflexão: Será que o que você busca não está ferindo o livre arbítrio de alguém?

Lembre-se do que disse Josué aos israelitas: “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao ETERNO, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao ETERNO.” (Js. 24:15)

Claro, podemos pedir ao Eterno que dê oportunidades para que a pessoa possa refletir, ou para que possa conseguir compreender outro ponto de vista, mas jamais isso deve ferir o livre arbítrio dado por Ele!

Se fazemos tais pedidos, na melhor das hipóteses, estamos fazendo um pedido vão, pois estamos pedindo ao Criador para agir de maneira diferente dos seus próprios princípios estabelecidos nas Escrituras.

Na pior, se for combinada com a ideia de manipulação descrita anteriormente, configura literalmente num ato de magia negra. E, como tal, é pecado gravíssimo.

Conclusão
Não deve o leitor ficar com medo de orar errado, mas deve sim olhar para suas próprias intenções. E sempre aceitar que a vontade do Criador seja soberana, assim como respeitar o livre arbítrio daqueles por quem oramos.

E, por fim, deve se recordar que não existe qualquer tipo de ritual que possa manipular o Criador: “Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene.” (Is. 1:13)

A crítica acima não é aos ritos em si, mas justamente ao fato de que o povo achava que, por eles, poderia manipular o Eterno ou as forças a Seu serviço.