Iluminação ou Escuridão?

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Devido à sua enorme riqueza de recursos minerais e materiais, pode-se dizer que o Egito antigo era a principal potência do antigo Oriente Médio antigo, possuindo uma elite não apenas econômica, mas também cultural: O berço da iluminação.

Não à toa, o principal líder do Egito, faraó (no egípcio antigo, o “soberano”), era literalmente tido como filho do sol, o principal astro de nosso céu, geralmente tido como o deus supremo dos principais panteões das religiões politeístas. Até hoje, várias religiões modernas carregam em si resquícios sincréticos do culto a divindades solares.

Dessa forma, pode-se dizer que o Egito antigo era o centro da iluminação e do conhecimento. Teoricamente, as castas da elite egípcia eram o que havia de mais iluminado na ocasião.

No entanto, observe o que o Eterno fez no Egito, na sua penúltima praga: “Então disse o ETERNO a Moisés: Estende a tua mão para o céu, e virão trevas sobre a terra do Egito, trevas que se apalpem.” (Ex. 10:21)

As trevas trazidas ao Egito simbolizavam duas coisas: A primeira, o juízo do Eterno contra o deus-sol e seu principal reino, expondo a impotência da idolatria egípcia perante a Mão do Criador (Ex. 12:12).

A segunda, mostrava o estado espiritual do povo egípcio: trevas totais e absolutas. Estavam longe de ser os iluminados que acreditavam ser, ou os proponentes da iluminação. Na realidade, o império egípcio só trouxe trevas não apenas sobre os israelitas, mas a todos os cananeus a quem escravizou.

E quem está cercado de trevas, em algum momento, pode se contaminar por elas. Mesmo que de forma sutil, quase subliminar, sem perceber.

É por isso que, quando falava sobre a maneira de tratar o próximo, o Eterno precisou dizer:

“E lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito, e de que o ETERNO teu Senhor te resgatou; portanto hoje te ordeno isso.” (Dt. 15:15)

Note bem: Tamanha era a influência da cultura de servidão no antigo Oriente Médio, em especial entre povos cananeus – à época, vassalos do faraó do Egito – que, mesmo tendo passado por isso, Israel precisou ser advertido quanto a não agir da maneira que foi tratado.

Mas, você deve estar se perguntando: O que isso tem a ver comigo?

Avançando vários milênios, continuamos tendo o mesmo problema. Muitas vezes, pessoas vão atrás de caminhos que parecem ser de luz, que parecem iluminar, que parecem colocá-la em contato com grandes poderes, ou com nobres filosofias, com misticismo atraente, entre outras coisas.

O final, porém, não é luz, mas sim trevas. Não é iluminação, ao contrário do que é prometido, mas é apenas um escurecer da alma.

E como observamos isso? Não pelos ensinamentos, mas pela forma como isso é colocado na prática. Na teoria, o Egito antigo era lindo. Mas, na prática, escravizava e colocava os mais fracos a serviço de sua “elite iluminada”.

Muito cuidado, querido leitor, com doutrinas que pregam elitismo, divisão em classes, exclusão, racismo (físico ou espiritual), que fazem as pessoas se sentir melhores do que as outras, e que apregoam discurso de ódio, intolerância e fanatismo. Tudo isso está mais para a destruição trazida pelas trevas, do que para a luz do conhecimento.

Esteja sempre alerta, para que seu corpo, sua mente – sua própria alma – não seja escravizada. As veredas do Eterno são simples, deleitosas, amorosas, voltadas para construir, agregar, amar e aproximar, jamais para trazer destruição e submissão.

Que neste período de Pessa’h – a chamada Páscoa judaica – você também possa quebrar amarras e grilhões, buscando a verdadeira luz:

“Quão preciosa é, ó Senhor, a tua benignidade, pelo que os filhos dos homens se abrigam à sombra das tuas asas… Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz.” (Sl. 36:7-9)