“Bendizei ao Senhor, todos os seus anjos, vós que excedeis em força, que guardais os seus mandamentos, obedecendo à voz da sua palavra.” (Sl. 103:20)
Hoje começaremos uma pequena série que falará sobre os anjos. Para compreendê-la, você precisa primeiro se esvaziar de qualquer ideia preconcebida, para moldar um novo conceito.
Primeiro, vamos falar sobre o termo ‘anjo’. Anjo, no original bíblico mal’akh, significa mensageiro ou embaixador. Isto é, algo ou alguém que leva uma mensagem e/ou representa um governante.
Pense no anjo como o email: Através dele, você conversa com alguém e realiza algumas ações, como mandar fotos, arquivos de vídeo, etc.
O email não é você. Ele é o veículo pelo qual você conversa com alguém. É também o meio pelo qual você faz alguma coisa que seja da sua vontade. Como, por exemplo, enviar uma foto ou gravar um vídeo.
Os anjos, portanto, são mensageiros nesse sentido.
Quando o ETERNO quis trazer uma praga sobre os egípcios, a Escritura diz: “Porque se ainda recusares deixar ir o meu povo, eis que trarei amanhã gafanhotos aos teus termos.” (Ex. 10:4)
Mas, quando a praga foi realizada, nós lemos.
“Então estendeu Moisés sua vara sobre a terra do Egito, e o ETERNO trouxe sobre a terra um vento oriental todo aquele dia e toda aquela noite; e aconteceu que pela manhã o vento oriental trouxe os gafanhotos.” (Ex. 10:13)
O Senhor disse que Ele iria trazer os gafanhotos. Mas quem trouxe os gafanhotos foi o vento oriental. Ou seja, o vento oriental foi um anjo, porque foi através dele que o Senhor agiu.
Os anjos também podem ser visões ou sonhos. Por exemplo:
“Davi olhou para cima e viu o anjo do ETERNO entre o céu e a terra, com uma espada na mão erguida sobre Jerusalém. Então Davi e as autoridades de Israel, vestidos de luto, prostraram-se, rosto em terra.” (1 Cr. 21:16)
O que aquela visão significava? É lógico que o Senhor não enviou literalmente um anjo com uma espada sobre Jerusalém. Até porque, poderíamos perguntar: Por que uma espada e não um míssel?
A visão significava que o Senhor daria ordem para destruir Jerusalém através de uma guerra. A visão foi uma metáfora que foi enviada para que Davi pudesse compreender o que ia acontecer.
O anjo era a própria visão!
Para muitos, essa ideia pode soar estranha porque estamos habituados a pensar em anjos como seres espirituais que habitam as regiões celestiais e que têm domínio sobre nós.
Mas, essa ideia fere o Monoteísmo da Bíblia. Afinal, o Senhor diz: “Eu sou o ETERNO, e não há nenhum outro.” (Is. 45:6)
Se você entende os anjos como veículos, aí faz sentido. Você pode escrever uma carta, algo físico, mas também pode pedir a alguém que fale, isto é, algo que não produz uma coisa física. Da mesma forma, nem todo anjo é físico.
Até um ser humano pode ser um anjo. Por exemplo, os profetas que foram visitar Abraão eram homens (Gn. 18:1), comiam, bebiam, repousavam e se limpavam (Gn. 18:3-8).
Mas, eles também foram chamados de anjos (Gn. 19:1), pois eles carregavam consigo uma ordem do Senhor para executar seu juízo (Gn. 19:13).
Da mesma maneira, o Sl. 103:20, supracitado, chama de anjos às pessoas que obedecem os mandamentos do Senhor. (Vide Sl. 103:18-20)
Como podemos ver, perguntar o que os anjos são é equivocado, pois eles podem ser qualquer coisa: pessoas, visões, sonhos, forças da natureza, circunstâncias favoráveis ou qualquer outra coisa que as Escrituras queiram salientar como tendo vindo da parte do Senhor.
A pergunta correta é: Qual a função dos anjos? E a resposta é: Executar o decreto do Senhor, seja transmitindo uma mensagem ou fazendo com que algo aconteça.
Na parte II, falaremos mais a respeito disso.