“Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.” (Salmo 133:1)
Um dos objetivos das festividades no Templo de Jerusalém era justamente que Israel estivesse unido como uma grande família. Porque a família é algo extremamente precioso dentro das Escrituras.
Ela nos foi dada com o propósito de que não nos sintamos sozinhos: “O Senhor faz que o solitário viva em família;” (Salmo 68:6a)
Porém, a única coisa que é absoluta nas Escrituras é o Eterno. Todo o resto tem limite, é relativo e, assim, passível de questionamento. A Bíblia Hebraica chega a dizer que até ser justo demais é ruim (vide Eclesiastes 7:16).
Portanto, muita gente se equivoca ao achar que o Eterno nos cobra que estejamos juntos de nossas famílias independente de qualquer coisa. Ele realmente quer que nós demos valor à família, isso é um fato indiscutível.
Mas, há pessoas que têm familiares extremamente tóxicos. Pessoas que, mesmo sendo perdoadas vez após vez, continuam a fazer o mal, a causar sofrimento e dor àqueles que estão próximos. Nesses casos, há um outro exemplo bíblico que pode ser seguido.
Em certa situação, surgiu uma briga entre Abraão e seu sobrinho Ló, quando eles viviam juntos, porque ambos eram muito prósperos e a terra já não dava conta de ambos. A situação se agravou e Abraão disse:
“E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos. Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; e se escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, eu irei para a esquerda.” (Gênesis 13:8-9)
A solução, neste caso, foi o afastamento. Não havia outra alternativa e, às vezes, temos que nos dar conta de que a vida é assim mesmo.
Nem por isso Abraão deixou de ajudar Ló quando esse precisou. Numa ocasião, Abraão resgatou Ló das mãos de um inimigo (Gênesis 14) e, noutra, pediu ao Eterno para poupar Ló quando da destruição de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19 e 20).
Tome Abraão como exemplo: Você pode se afastar do convívio de uma pessoa sem brigar com ela. E pode, ainda, ajudá-la se um dia ela precisar de você. Porque deixar de conviver no dia-a-dia não é o mesmo que voltar as costas na necessidade real (nunca esquecendo que ajudar é diferente de se deixar usar).
Essa é uma boa solução, por exemplo, para aqueles familiares que não podem ver você sem querer entrar numa briga.
Sobre pessoas assim, as próprias Escrituras aconselha: “Não sejas companheiro do homem briguento nem andes com o colérico, Para que não aprendas as suas veredas, e tomes um laço para a tua alma.” (Provérbios 22:24-25)
O mesmo vale para pessoas que só querem tirar vantagem de você. Lembre-se do que dizem as Escrituras:
“A sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e com a quarta, nunca dizem: Basta!” (Provérbios 30:15)
Há, portanto, uma diferença entre estar disponível para ajudar na necessidade e se deixar usar.
Se você estiver numa situação assim, não se sinta culpado por tomar a decisão de afastar. Apenas avalie e converse com pessoas próximas para ver se realmente não há outra solução. Mas entenda que, realmente, há situações em que o afastamento é necessário e inevitável.
Lembre-se: Não é pecado proteger-se de pessoas tóxicas, mesmo se forem parentes, pois você só será capaz de realmente amar o próximo como a si mesmo (Levítico 19:18b) se também amar a si mesmo.
Nesse caso, o melhor é fazer como Abraão: Apenas afastar-se, sem brigas ou confusões. Se, contudo, o outro lado resolver brigar, não se sinta mal. Apenas tente, ao máximo, manter a paz dentro do que for possível.
Por fim, vale ressaltar que a mesma lógica se aplica a amizades tóxicas. Da mesma forma, você também não tem nenhuma obrigação de ficar perto de alguém que te faz sentir-se mal.