Como é incômodo quando aquele amigo ateu vem apontar supostas contradições na Bíblia Hebraica! Quem pode dizer que nunca sentiu um nó no estômago, ou um frio na barriga, quando percebeu isso? E quem nunca ficou apavorado, pensando: Será que é tudo mentira.
Fique calmo! Existem explicações perfeitamente razoáveis para essas supostas contradições. O problema é que polêmica sempre vendeu mais, pois as pessoas gostam de ver o circo pegar fogo. Por exemplo, quantas pessoas comprariam um jornal que diz: “Atriz famosa foi fiel ao marido durante toda a sua vida.” versus “Atriz famosa traiu o marido com o diretor da novela.”?
As supostas contradições na Bíblia geralmente são de seis tipos. No artigo de hoje, veremos duas das mais comuns delas:
1) Erros de copistas
Se mesmo na era da informática, tendo corretor ortográfico, ferramenta de copiar e colar e podendo ver e rever um texto, você comete erro, imagine um copista, desenhando manualmente letra após letra, sem nenhuma pontuação. É apenas natural que cometa alguns erros. Por exemplo:
“Joaquim tinha dezoito [ben-shemonê esrê] anos quando começou a reinar, e reinou durante três meses em Jerusalém.” (2 Reis 24:8a)
“Tinha Joaquim a idade de oito [ben-shemonê] anos, quando começou a reinar; e reinou três meses e dez dias em Jerusalém; e fez o que era mau aos olhos do Senhor.” (2 Crônicas 36:9 – Almeida)
“Joaquim tinha a idade de dezoito anos quando foi elevado ao trono; reinou três meses em Jerusalém.” (2 Crônicas 36:9 – Tradução Católica A. Maria)
No caso acima, temos um erro nos manuscritos do Texto Massorético. Um escriba, sem querer, pulou uma palavra (esrê) e o dezoito virou oito.
Em uma grande quantidade desses casos, é possível verificar o erro lendo uma versão de outra família de manuscritos. Observe que a Septuaginta, usada como base para a Tradução Católica, não comete o mesmo erro.
Você deve estar se perguntando: Mas, por que as traduções não corrigem esses erros, se sabemos onde estão?
A resposta é que temos dois tipos de tradução. Há traduções que comparam várias famílias de manuscritos e mostram a melhor tradução costumam apresentar o melhor texto. Esse processo se chama crítica textual.
Existem, porém, traduções que se propõem a traduzir uma família específica de manuscritos. Essas traduções não trazem correções nesse ponto porque isso seria desonesto.
Como você se sentiria se soubesse que o tradutor tomou liberdades e modificou o texto? Provavelmente você se sentiria enganado.
2) Dezenas de milhares de erros?
É comum ouvir críticos encherem a boca para falar de supostas dezenas de milhares de contradições nos manuscritos bíblicos. Porém, essa é uma crítica desonesta.
As diferença significativas são raríssimas e muito fáceis de serem encontradas, pois geralmente são encontradas em apenas uma das várias famílias de manuscritos. Você jamais será enganado por elas.
A esmagadora maioria das diferenças é em pequenas diferenças ortográficas, diferenças de idade, pequenas variações nos nomes de lugares, ou seja, sem nenhum impacto real para nós.
Um exemplo disso: Nos manuscritos do mar morto, o trecho de Êxodo 7:21 diz: “e sangue [dam] estava sobre toda terra do Egito.” (4QExod.)
Já o Texto Massorético e a Septuaginta trazem, no mesmo trecho: “e o sangue [ha’dam] estava sobre toda a terra do Egito.”
A diferença, no hebraico original, é de apenas uma letra (Hê). O que aconteceu foi que a letra foi omitida por um copista.
Outro exemplo: Em Gênesis 22:14, os manuscritos do mar morto trazem: “E chamou Abraão o nome daquele lugar: Elohim proverá;” Elohim costuma ser traduzido como Deus.
Já no Texto Massorético e na Septuaginta, temos: “E chamou Abraão o nome daquele lugar: YHWH proverá;” YHWH costuma ser traduzido como Senhor.
Provavelmente, um copista pulou o termo YHWH. Seu sucessor provavelmente percebeu que na frase faltava um sujeito. Como o termo Elohim é mais comum do que o termo YHWH no livro de Gênesis, optou pela primeira alternativa, mas acabou errando.
Como você pode ver, as diferenças são teologicamente irrelevantes. Nada mudaria na sua fé mesmo que não conseguíssemos saber qual a versão original.
E, repito: Em mais de 90% das situações, nós sabemos a forma original só de comparar as diferentes famílias dos textos.
Conclusão
Acusar é muito fácil. Qualquer pessoa pode chegar e dizer: A Bíblia está cheia de erros! Mas, provar é algo muito diferente.
Existem ótimas respostas a essas questões. Infelizmente, nem sempre são conhecidas porque a maioria das pessoas não está interessada na verdade, mas sim na polêmica.
Não permita que essas bobagens afetem sua fé, pois não existe texto antigo mais confiável do que a Bíblia Hebraica, um texto que mesmo milênios depois de sua escrita continua transmitindo a mesma mensagem e encontrando a cada dia mais e mais comprovações arqueológicas e históricas.