Recentemente uma pessoa me disse: “O Velho Testamento manda odiar os inimigos, mas o Cristianismo nos ensina amá-los.” Qual não foi a surpresa dela quando mostrei passagens bíblicas da Bíblia Hebraica que falam sobre amar os inimigos!
Amar os inimigos é mais dos ensinamentos da Bíblia Hebraica que o Cristianismo também absorveu. Porém, quero aqui demonstrar que esse ensinamento, na realidade, surgiu na própria Bíblia Hebraica.
Antes de tudo, porém, é importante diferenciar entre dois tipos de inimigos:
O primeiro, aquele inimigo que quer tirar a sua vida ou colocar você em risco. Esse inimigo, infelizmente por muitas vezes temos que combater por uma questão de legítima defesa. Sobre esse tipo de inimigo, trataremos noutro artigo.
O segundo tipo é a pessoa que é sua rival. Ela não gosta de você e/ou você não gosta dela. Sobre esse tipo de situação, a Bíblia Hebraica nos ensina várias coisas:
1) Não devemos deixar de fazer o que é certo por inimizade: Um exemplo disso pode ser visto na passagem que a Bíblia diz que não devemos deixar um jumento num buraco por pertencer a um rival:
“Se você encontrar perdido o boi ou o jumento que pertence ao seu inimigo, leve-o de volta a ele. Se você vir o jumento de alguém que o odeia caído sob o peso de sua carga, não o abandone, procure ajudá-lo.” (Ex. 23:4-5)
2) Não devemos torcer contra nossos inimigos. A queda ou tropeço de um rival não deve ser motivo de alegria para nós, pois até nossos rivais são Filhos do Altíssimo, e por isso nossos irmãos:
“Não se alegre quando o seu inimigo cair, nem exulte o seu coração quando ele tropeçar, para que o Senhor não veja isso, e se desagrade, e desvie dele a sua ira.” (Pv. 24:17-18)
3) Não devemos buscar vingança contra nossos inimigos. Lembre-se que há uma diferença entre se defender e se vingar. O primeiro ato é permitido, o segundo não:
“Não diga: “Eu o farei pagar pelo mal que me fez!” Espere pelo Eterno, e Ele dará a vitória a você.” (Provérbios 20:22)
4) Devemos amar nossos inimigos. O amor bíblico é doação, é cuidar daquilo que o outro necessita, agir para com o outro com misericórdia. Portanto, é possível amar mesmo se não conseguimos deixar de sentir raiva da pessoa:
“Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele, e o Senhor recompensará você.” (Pv. 25:21-22)
Como podemos perceber, embora as exatas palavras sejam um pouco diferentes (e até mais explicativas), o ensinamento sobre amar os inimigos se origina na própria Bíblia Hebraica e é, portanto, um ensinamento importante para nós monoteístas.