Você é como a tâmara ou o cupcake?

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“A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme ao ETERNO será elogiada.” (Provérbios 31:30)

Uma das árvores mais comuns em Israel é a tamareira. E quem prova a tâmara israelense jamais se esquece. Muito diferente das tâmaras comuns que compramos em supermercados, a tâmara israelense é bastante carnuda, macia, doce e cremosa. Parece que estamos comendo um favo de mel.

Uma vez sugeri a um amigo que ia viajar para Israel que provasse a tâmara, mas ele ficou meio receoso. Ele dizia que a impressão que dava era a de que ele iria comer uma barata gigante! Ele precisou respirar fundo antes de provar, mas resolveu provar mesmo assim. E ficou tão encantado com o sabor que hoje é fã de carteirinha.

Por outro lado, me lembro dos cupcakes que via num posto de gasolina no caminho para São Paulo. Eram lindíssimos, todos esculpidos e repletos de cores e caldas brilhosas. Infelizmente, uma mordida era suficiente para perceber que o cupcake era caro e ruim. Apesar da aparência, eram sem graça. Não tinham gosto de absolutamente nada.

O mundo de hoje está bem mais para o cupcake do posto do que para a tâmara israelense. Parece que o conteúdo é cada vez menos importante do que a aparência. E as mídias sociais parecem ter reforçado a ideia de que o importante é fazer cara de felicidade, mesmo quando não há felicidade verdadeira.

Todo mundo tem problemas, dificuldades e pedras no caminho. Mas, mesmo assim, parece que a foto do perfil precisa sempre ser boa e com sorriso de comercial de pasta de dente.

Infelizmente, a mesma coisa acontece na vida religiosa. As pessoas se preocupam cada vez mais em ter uma aparência de santidade, e cada vez menos em realmente tentar promover transformação interior.

É como se acreditassem que a forma como se vestem, recitam orações, quantos ml de vinho cerimonial tomam, o que cantam (em português, hebraico ou até inglês), comem, etc. fossem não só mais importante do que as outras coisas, mas a própria essência da espiritualidade!

Se a pessoa sente um vazio espiritual quando não está cercada por objetos, vestimentas, liturgias, etc. isso deve servir de alerta! Porque mostra o quão distante a coração está do Criador. Da mesma forma que quem se preocupa demais com postar fotos no Facebook ou no Instagram quando sai de viagem pode acabar nem relaxando, nem curtindo a viagem.

E não digo isso como crítica, mas sim como um alerta de que nossa sociedade precisa encontrar o que está mais profundo, para que a vida espiritual não seja apenas um pano em cima do vazio, que uma hora irá cair e nos mergulhar no abismo do distanciamento do Altíssimo.

Em tempos assim, quando tudo é avaliado na base das aparências, o provérbio citado no começo do texto é muito importante. É um lembrete de que aquilo que está do lado de fora é vazio e superficial. E que importa mesmo é o temer o Senhor.

Convido você a fazer a mesma reflexão que um dia me fiz: Quanto esforço você tem gasto na aparência, ao invés de na transformação? E como tem avaliado as pessoas que estão ao seu redor? Como você quer estar daqui a cinco ou dez anos: Com uma aparência mais religiosa ou com uma alma transformada?

Quão gostoso é descobrir o sabor da tâmara israelense, especialmente porque não damos nada pelo seu aspecto exterior! Da mesma maneira, é um enorme deleite encontrar aquelas pessoas que, em sua aparência, nada são, mas que conseguem nos ajudar a nos aproximarmos do Criador!

Num mundo de cupcakes de posto de gasolina, minha oração hoje é para que sejamos tâmaras israelenses. Isto é, guardemos em nosso interior os tesouros do Altíssimo, que nos conduzem à beleza da eternidade.