“Reflita agora: Qual foi o inocente que chegou a perecer? Onde foi que os íntegros sofreram destruição? Pelo que tenho observado, quem cultiva o mal e semeia maldade, isso também colherá. Pelo sopro do Senhor são destruídos; pelo vento de sua ira eles perecem.” (Jó 4:7-9)
O trecho acima está nas Escrituras. Mas, não é uma verdade. Trata-se de uma acusação feita por Elifaz, o temanita, contra Jó.
Diante do sofrimento do amigo Jó, Elifaz é taxativo: Se Jó estava sofrendo, então é porque Jó estava em pecado. Se estava colhendo desgraça, é porque havia plantado iniquidade.
Na cabeça tacanha e binária de Elifaz, sofrimento era igual a pecado. Não existia nenhuma outra explicação para qualquer tipo de provação enfrentada pelo justo.
No entanto, sabemos pelas próprias Escrituras que Elifaz estava equivocado. Por diversas ocasiões pessoas boas e justas sofreram.
Entretanto, o que mais se vê por são pessoas que pensam como Elifaz: Se está sofrendo é porque pecou, é porque não tem fé, é porque está distante do Eterno.
Mas observe que o ensinamento bíblico é o contrário: Ser justo, num mundo que preza por outros valores, cobra um preço alto e gera aflições. Observe:
“Muitas são as aflições do justo, mas o Eterno o livra de todas.” (Sl. 34:19)
A promessa do Eterno para o justo é que, apesar dele passar por muitas aflições, ele será sustentado e vencerá todas elas.
É também igualmente um ensinamento bíblico que, muitas vezes, a vida do iníquo parece estar melhor do que a do justo:
“Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram; por pouco não escorreguei. Pois tive inveja dos arrogantes quando vi a prosperidade desses ímpios. Eles não passam por sofrimento e têm o corpo saudável e forte. Estão livres dos fardos de todos; não são atingidos por doenças como os outros homens.” (Sl. 73:3-5)
Porém, a Bíblia Hebraica também ensina o seu final: “São como um sonho que se vai quando a gente acorda; quando te levantares, Eterno, tu os farás desaparecer.” (Sl.73:20)
Fato é que ninguém conhece a mente do Eterno para sondar-Lhe os planos e saber as razões pelas quais as pessoas passam por um sofrimento. Às vezes, é realmente consequência de suas próprias escolhas. Às vezes, não é e existe um propósito sublime para aquilo.
Lembre-se: “Todos os caminhos do homem lhe parecem puros, mas o Eterno avalia o espírito.” (Pv. 16:2)
Não cabe a nós a posição de julgar alguém em seu sofrimento, mas sim de apoiar, amar e ajudar a pessoa a se reerguer.
Por outro lado, também não devemos nos abater quando os “arautos da verdade absoluta”, do alto de sua vaidade, olham para nosso sofrimento e apontam dedos acusatórios.
Qualquer pessoa pode citar versículos bíblicos desconexos. Alguém poderia, por exemplo, citar as palavras de Elifaz, sem se atentar ao contexto e perceber que, na verdade, Elifaz é quem estava errado.
Se você está sofrendo, busque do Eterno a Sua sabedoria, apóie sua fé nEle e não se deixe levar pelas palavras dos homens.