“Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro? O meu socorro vem do ETERNO, que fez os céus e a terra.” (Salmos 121:1,2)
Muitas pessoas relatam experiências maravilhosas quando vão orar nos montes. Mas, é verdade mesmo que orar nos montes traz algum tipo de benefício?
A resposta é: Depende. Se a pessoa mora numa cidade caótica, ou se tem dificuldade de ter momentos para ficar sozinha e conversar com o Senhor, ir orar num lugar mais tranquilo pode ser ótimo!
Lembro-me, por exemplo, que muitas vezes nos horários de almoço fui a um parque próximo de onde trabalhava pra poder ter mais tranquilidade pra orar.
O problema, porém, é quando a pessoa acha que os montes são uma espécie de lugar poderoso, de onde a oração é mais ouvida. E, na verdade, não é nada disso.
Curiosamente, a origem da prática de orar nos montes vem do politeísmo: Nos tempos antigos, os povos do Oriente Médio achavam que nos montes estariam mais próximos dos deuses.
Eles observavam os pássaros voando e viam que pareciam pontinhos distantes, mas que as aves em algum momento pousavam no solo ou nas rochas para comer, fazer ninho, dormir e até procriar.
Eles achavam que, da mesma maneira, as estrelas eram divindades que habitavam literalmente nos céus e desciam sobre as montanhas para comer, procriar, etc. Por isso, faziam seus altares em montes.
E, como era comum que nos montes houvesse tanto chuvas e tempestades, quanto nascentes de rios e vegetação mais abundante, eles achavam que os deuses habitavam nas montanhas e que hora estavam contentes e hora estava bravos.
Eles achavam que se fizessem altares e sacrificassem nos montes, os deuses se agradariam deles, e não só abençoariam como os poupariam de sua fúria.
Em Gênesis 17, o Criador se apresenta a Abraão dizendo: “Eu sou EL SHADAY”. O termo EL significa poder ou autoridade, enquanto Shaday nesse contexto significa montanhas. Ou seja, o Criador se apresenta dizendo: “Eu sou o Senhor das Montanhas.”
Isso significa que Ele é diferente dos falsos deuses dos povos vizinhos, pois para os cananeus cada deus escolhia a montanha de sua preferência para fazer morada. Quando o Eterno diz que Ele é o Senhor das Montanhas, isso significa que Ele era o ÚNICO Deus que existe!
Mesmo assim, em diversos momentos o Senhor se manifestou nos montes, porque era a forma como o povo estava acostumado.
Não adiantava tentar fazer algo diferente da cultura deles, pois eles não iriam entender. Já era dificílimo explicar pros povos primitivos o conceito do Monoteísmo, quem dirá então mudar toda a cultura dele.
Mas, o salmista sabia que o Senhor não está fisicamente nos montes. Ele não está concordando com a tese de que os montes são lugares mais poderosos ou espirituais. Ele está dizendo justamente o oposto disso: Enquanto as pessoas buscavam o seu socorro nos deuses dos montes, ele buscaria socorro no Eterno, que fez os céus e a terra.
Ou seja, o salmo não é o convite a orar no monte, mas justamente uma proclamação de que ele não acredita nos deuses dos montes, mas apenas no Criador dos céus e da terra.
Você pode ir orar no monte, e isso pode ser uma experiência maravilhosa, porque você pode encontrar um ambiente tranquilo que te ajude a ter paz de espírito e se concentrar nas orações.
Mas, se acharmos que o poder está no lugar, nos montes, estaremos dando um passo para trás, e voltando para a superstição politeísta!
Você pode precisar do monte para ter tranquilidade para orar. Mas o Senhor não precisa do monte para te ouvir, nem podemos manipular o poder do Senhor para que a oração seja mais eficaz.