“Quando os soldados voltaram ao acampamento, as autoridades de Israel perguntaram: “Por que o ETERNO deixou que os filisteus nos derrotassem? Vamos a Siló buscar a arca da aliança do ETERNO, para que ele vá conosco e nos salve das mãos de nossos inimigos”.” (1 Samuel 4:2)
Uma das coisas mais difíceis que existem é convencer uma pessoa de que uma determinada prática pode ser errada ou pecaminosa mesmo que pareça ser obediência a um preceito bíblico.
E, dentre essas, nenhuma prática é mais perigosa do que aquilo que eu chamo de “simbolatria.” Isto é, um excesso de foco sobre um símbolo, que acaba desviando o foco daquilo que o símbolo representa.
No texto acima, isso fica muito evidente. Os israelitas saíram à guerra contra os filisteus. Quando foram derrotados, pensaram que o problema estava na ausência da arca da aliança.
Ora, a arca da aliança era um símbolo da presença do Senhor no meio de Israel. Porém, aqueles homens acharam que a arca era a própria presença. Isto é, que se tivessem a arca no meio deles, o desfecho seria diferente.
Como não poderia deixar de ser, o Senhor lhes ensinou uma lição duríssima, mas muito necessária: “Então os filisteus lutaram e Israel foi derrotado; cada homem fugiu para sua tenda. O massacre foi muito grande: Israel perdeu trinta mil homens de infantaria. A arca do Senhor foi tomada, e os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, morreram.” (1 Samuel 4:10-11)
Em todas as ocasiões que isso aconteceu, o Senhor sempre mostrou que não deseja esse tipo de coisa. Quem pode esquecer da serpente de Moisés, adorada no Templo como uma divindade? (2 Rs. 18:4) Ou ainda o vento e a brisa na história de Elias? (1 Rs. 19:11-12)
Duas coisas podem acontecer a partir da simbolatria: A primeira é a impressão de que podemos manipular o Senhor através de ritos. A segunda é a obsessão com ritos e símbolos, ao ponto de que a vida espiritual se resume a isso.
Essa questão é talvez a maior razão pela qual muitas pessoas se tornam distantes do Senhor sem perceber, e muitas religiões se tornam completamente vazias.
É muito fácil discutir quantos mililitros de vinho deve ser tomado num ritual, ou se é preciso lavar as mãos duas ou três vezes antes de fazer uma dada oração, ou em que salmo a Bíblia deve ficar aberta na sala. É fácil, mas é vazio.
É bem mais duro ouvir a voz do Senhor na brisa, e perceber que essas coisas são mecanismos para se ensinar uma verdade, ou preservar uma cultura, ou ainda dar ao homem uma maneira palpável de se relacionar com o Senhor.
E como sabemos que caímos na simbolatria? Quando nos tornamos fundamentalistas para com o símbolo. Se a sua vida espiritual tornou-se extremamente regrada na maneira como você lida com o Senhor, esse é um sinal de alerta.
Para combater a simbolatria, devemos desenvolver um relacionamento com o Criador. E esse relacionamento começa com a pergunta: O que eu devo mudar em meu interior, para em aproximar a Ele?
E não devemos ter medo de não usar um símbolo de forma ritualisticamente perfeita. Devemos sim é ter medo de não evoluir na nossa vida espiritual, porque estamos focados no exterior e não no interior.