Uns dias atrás, eu caminhava a passos apressados porque estava atrasado para um compromisso importante. No caminho, um senhor me abordou a alguns metros, tentando me entregar um folheto e dizendo: “Posso te deixar a palavra de Deus?” Ao que respondi, educadamente: “Não, muito obrigado.” Além de estar atrasado, eu sabia que aquele folheto não iria me trazer nenhum conhecimento especial.
Para minha surpresa, enquanto eu passava, ele ergueu a voz e disse: “Não faça isso, meu irmão! Deus ama você!“
Aquele senhor nada sabia sobre mim, sobre minha fé, até se eu era ou não da mesma religião que ele. Ele partiu da premissa de que o fato de rejeitar o folheto significava rejeitar ao Senhor. Se ele tivesse se deparado com uma pessoa mais esquentada, poderia até ter terminado num bate-boca.
Lembro-me de uma pessoa certa vez dizer que brigou com a vizinha porque ela colocava o tempo todo músicas gospel nas alturas. Ao ser confrontada, a vizinha disse que ela não glorificava o Senhor. O detalhe mais curioso é que elas eram da mesma denominação religiosa.
Não raro, encontro pessoas que entram em nossas páginas e canais e têm atitudes extremamente grosseiras e desagradáveis. Mas, ao invés de prestarem atenção em seus gestos, acham que como estão fazendo algo para o Criador, então qualquer comportamento ou juízo de valores é justificável. E, quando confrontados, acham que são mártires da fé. Mas não é assim.
É claro que querer fazer algo para o Senhor é louvável. Mas, não é o fato de fazer algo para o Senhor que isso significa que o que fazemos está certo.
Você se lembra da história de Nadabe e Abiú?
“Nadabe e Abiú, filhos de Arão, pegaram cada um o seu incensário, nos quais acenderam fogo, acrescentaram incenso, e trouxeram fogo profano perante o ETERNO, sem que tivessem sido autorizados.” (Levítico 10:1)
Eles foram punidos porque fizeram algo que não deveriam ter feito. Claro que o caso deles é mais grave, pois eles receberam uma instrução de fazer uma coisa, e propositalmente fizeram outra.
Mas, isso mostra que não é o fato de você achar que está fazendo algo para o Senhor que significa que você está certo. O que fazer, então, para se certificar disso? Sugiro os cinco passos abaixo:
1) Coloque-se no lugar do outro. Se alguém te tratasse daquela forma, como você se sentiria?
2) Avalie suas ações. Será que o outro está desprezando o Criador, ou está aborrecido pela atitude ser desagradável?
3) Pra quem você está fazendo isso? Muita gente faz o que faz mais por ego e vaidade do que por preocupação verdadeira com o outro. Não faça algo só porque você acha que o Senhor vai te dar nota 10 e colar uma estrelinha de bom aluno na sua testa.
4) Ouça o outro. Ele está chateado com o Senhor, ou com a sua atitude? É claro que você não vai adorar uma imagem ou participar de um culto religioso que ofenda sua fé. Mas, fora isso, o que você pode fazer para ter paz com o outro?
5) Busque conselhos. Pessoas próximas a você, e que sejam prudentes na sua forma de pensar, são um tesouro que o Eterno coloca na sua vida para te ajudar a agir da melhor forma.
É claro que há casos e casos. É claro que existem situações nas quais você vai mesmo sofrer preconceito e perseguição se você tem uma fé diferente da maioria. É claro que nesses casos você estará coberto de razão.
Mas, é sempre importante manter o nosso ego e nossa vaidade em cheque, e procurar a melhor maneira de agir.
Não podemos nos precipitar e achar que tudo o que passamos é por perseguição religiosa ou porque o outro despreza a verdade. Precisamos, no mínimo, refletir bastante antes de chegar a essa conclusão.
Lembre-se: Nossos gestos falam muito mais alto do que nossas palavras.