Esses dias, a paralização dos dos caminhoneiros gerou uma intensa discussão sobre o preço do combustível no Brasil. E esse debate reacendeu uma questão que é chamada de “custo Brasil”, pois os pesados impostos brasileiros estão entre um dos fatores que mais oprimem o povo.
Um exemplo disso pode ser visto no preço da gasolina, muito debatido esses dias. Os impostos diretos chegam a quase 50% do valor e há estudos que apontam para o fato de que os impostos indiretos chegam a quase 77%.
Isso significa, na prática, que se você paga 5 reais no litro da gasolina, na realidade, o custo dela é de 1,15 reais. Cerca de 2,50 ficam na mão do governo por meio dos impostos diretos e os outros 1,35 vão também chegar ao governo indiretamente.
Mas o que tem isso a ver com a Bíblia Hebraica? Bem, ela nos ensina onde esse tipo de prática vai dar, quando olhamos para a história da divisão do Reino de Israel.
Tudo começou com Salomão, que estabeleceu um governo tão grandioso que a carga tributária pesou sobre a população. Quando ele morreu, o povo foi implorar a seu filho, Roboão, dizendo:
“Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai, e o pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos.” (1 Rs. 12:4)
Após pedir um tempo para pensar, Roboão resolveu consultar seus amigos ao invés de pessoas sábias, e eles lhe aconselharam a dizer o seguinte:
“Teu pai fez pesadíssimo o nosso jugo, mas tu o alivia de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai.” (1 Rs. 12:10)
Exatamente como no caso do Brasil, o povo padecia porque já não suportava mais pagar impostos tão pesados. E exatamente como no caso do Brasil, Roboão respondeu a isso aumentando ainda mais a carga de impostos sobre a população.
A atitude de Roboão, que não buscou o Eterno, a Sua justiça nem a sabedoria, gerou revolta por parte dos israelitas do norte, que, comandados por Jeroboão, disseram:
“Que parte temos nós com Davi? Não há para nós herança no filho de Jessé. Às tuas tendas, ó Israel! Provê agora a tua casa, ó Davi. Então Israel se foi às suas tendas.” (1 Rs. 12:16)
No Brasil, já temos um histórico também de ruptura motivada por pesada carga tributária. O leitor certamente conhece a expressão “quinto dos infernos”, muito usada na linguagem coloquial. Essa expressão surgiu na época em que o Brasil estava ainda ligado a Portugal, porque o povo se revoltou contra o fato de que o governo português cobrava de impostos um quinto (20%) do produto interno bruto brasileiro. Essa revolta gerou a Inconfidência Mineira que, embora abafada, tornou-se semente para a futura independência do Brasil.
E hoje? Essa carga gira em torno de assustadores quase um terço (cerca de 32%) da mesma produção, boa parte dos quais incide sobre as classes menos favorecidas.
Isso é ainda mais grave considerando a qualidade dos serviços brasileiros. Existem sociedades, como os países escandinavos, onde os impostos também são altos, mas há um retorno disso na forma de serviços de bastante qualidade, além de uma distribuição de renda bem mais igualitária.
Onde isso vai dar? Não sei, mas os prognósticos não são animadores, pois todo historiador costuma dizer que a história, na humanidade, se repete.
O Reino do Norte, já independente, também passou pela mesma situação de cobrar pesados impostos. E o profeta Amós, acerca disso, avisou a liderança, dizendo:
“Por isso, porque oprimis o pobre e lhe extorquis impostos em trigo, não habitareis estes palácios de pedra que construístes; não bebereis o vinho destas vinhas de escol que plantastes.” (Am. 5:11)
O Eterno não está nada satisfeito com o Brasil, sua sociedade, mas, acima de tudo, seus dirigentes e governantes que, ao invés de iluminar o caminho do povo e conduzi-lo à prosperidade, traz apenas trevas e destruição.
Como o Eterno responderá a isso? Se o Brasil não mudar e se a história realmente for cíclica como dizem os historiadores, então já sabemos como ela terminará.