A Fé que sara e edifica

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1938

“Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.” (Isaías 1:17)

Muitos anos atrás, fui convidado a dar um estudo bíblico numa ocasião festiva. Na época, resolvi fazer um texto que expunha toda a hipocrisia e o estado espiritual das pessoas. Cheio de orgulho e vaidade, apresentei o texto. Todos ficaram espantados, e eu achei que estava abafando.

Tempos depois, o amigo que me convidou relatou o quanto aquilo tinha feito mal. As pessoas não ficaram chateadas comigo, muito pelo contrário. Até me agradeceram!

Mas, elas ali estavam para festejar o Criador, e eu joguei vinagre no vinho. Tal foi a força das críticas, que meu amigo teve que passar a semana convencendo as pessoas a não se afastarem do Eterno! Algumas pessoas quase perderam a fé. E o responsável seria eu.

Todos nós erramos. O que define nosso caráter é o que fazemos depois de errar. Meu amigo falou com muito jeito sobre isso, mas mesmo assim meu ego e vaidade sentiram o golpe. Foi uma ducha de humildade mais gelada do que água fria, mas era exatamente o que eu precisava naquele momento.

Hoje, já com alguns cabelos brancos, olho para trás e compreendo exatamente qual foi o erro. Uma faca pode salvar uma vida, ou pode matar. Tudo depende do que você faz com ela, e também é assim com a Bíblia. E eu, naquela ocasião, acabei por vaidade usando a Bíblia para o mal.

A vida já é cheia de problemas e dificuldades. Todos nós temos que lidar com problemas, muitas vezes bem pesados. Coisas que afetam nossa família, nossa carreira, nossas amizades, nosso sustento, nosso lar, e até mesmo nossa auto-estima.

Mesmo assim, há pessoas que acabam fazendo da própria fé mais uma fonte de problemas. E aí, a vida que já é difícil se torna insustentável. Não adianta ter muito conhecimento bíblico, se isso se torna um fardo para os outros, e não um alívio para o peso do cotidiano.

Por isso, o versículo acima hoje norteia a minha vida.

Devemos entender que o Senhor deseja que sejamos servos, mas não executores de sua ira e juízo, e sim curadores! Até quando Ele usava os profetas para dizer palavras duras quando o comportamento do povo era ruim, ainda assim falava com doçura e amor dizendo que Ele nos acolheria se voltássemos aos caminhos dEle.

Nossa abordagem diante das Escrituras deve ser exatamente essa. Não se trata de achar que em tudo temos que ter pensamento positivo.

Trata-se de entender que nossa missão é construir, e não destruir; é curar, e não ferir; é apoiar, e não derrubar; é consolar, e não oprimir; é inspirar, e não deprimir!

A fé tem essa função. Por isso, a Bíblia várias vezes diz coisas como: “O ETERNO é refúgio para os oprimidos, uma torre segura na hora da adversidade.” (Salmo 9:9)

Entender isso é importante por dois motivos. O primeiro, para que você saiba onde e do que se alimentar. Fuja da agressividade, do julgamento e de outros fardos humanos, e confie no Senhor.

Além disso, para que você também saiba o que dizer para as outras pessoas. Revelar o amor do Altíssimo para alguém que dEle está distante tem muito mais poder transformador do que uma agressão, mesmo quando essa é teologicamente correta.