Como ter a Fé de Abraão – Parte II

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“Abraão aproximou-se dele e disse: “Exterminarás o justo com o ímpio? E se houver cinquenta justos na cidade? Ainda a destruirás e não pouparás o lugar por amor aos cinquenta justos que nele estão?” (Gênesis 18:23,24)

Ao longo do livro de Gênesis, Abraão aparece por diversas vezes demonstrando profundo amor por seu sobrinho Ló. Tendo trazido-o consigo para a terra da promessa (Gn. 12:5), incluiu-o na bênção prometida pelo Senhor.

Depois, deixou que Ló escolhesse a terra que desejasse, quando já estava difícil que seus servos convivessem (Gn. 13:9). Quando Ló é tomado cativo, Abraão sai para guerrear e libertá-lo (Gn. 14:12).

O versículo no começo dessa história mostra Abraão ainda orando ao Senhor, pedindo que poupasse Sodoma por causa de Lot, que lá tinha ido habitar.

Mas, não foi apenas por Ló que Abraão demonstrou bondade. Ele ainda ajudou os reis de Sodoma, Gomorra, Zeboim e Zoar quando foram oprimidos por seus inimigos (Gn. 14:1), Abraão não libertou apenas ló, mas também todos os que foram tomados cativos (Gn. 14:16).

Ele ainda aparece orando por Abimeleque (Gn. 20:7), prometeu tratá-lo com bondade (Gn. 21:23-24). E também fez questão de ser justo, mesmo pagando um valor alto, quando comprou a sepultura de Sara (Gn. 23:13).

Em momento algum da Bíblia, Abraão aparece pedindo ao Senhor riquezas. Ou mesmo pedindo qualquer coisa em benefício próprio, exceto por um descendente (Gn. 15:2). Na cultura semita, não ter descendentes era considerado uma coisa terrível, sua semente era considerada riscada da terra. Ou seja, para si, Abraão pediu apenas o mais necessário.

Em outras palavras, nós vemos uma característica muito importante em Abraão: Ele não aparece colocando a si mesmo em primeiro lugar em suas ações – e até em seus pedidos – perante o Senhor.

E eis aí uma das características mais maravilhosas da fé de Abraão: Ele a usava em prol do próximo.

Ao ser abençoado, ele sempre tentava incluir outros. Ao falar com o Senhor, sempre procurou interceder pelo próximo. E até seus atos de coragem foram, em sua maioria, para fazer o bem.

A fé de Abraão, portanto, não era uma fé egoísta. Era uma fé que desejava compartilhar com o próximo. E desejava engrandecer o Nome do Eterno.

Muitas pessoas têm uma fé muito pouco desenvolvida, porque vêem na fé uma força para usar em benefício próprio e satisfazer todos os seus desejos pessoais. O Senhor não dá experiência de fé para aqueles que querem apenas alimentar seus egos e desejos!

Não estão contentes em ter um sustento, paz de espírito e uma família. Querem sempre mais e mais. Parecem insaciáveis nos seus pedidos ao Criador. Mas, ao mesmo tempo, não gastam muito tempo nem fazem qualquer esforço em prol do próximo.

Para ter a fé de Abraão, é preciso antes de tudo observar qual era o propósito dessa fé. A fé de Abraão não foi usada para engrandecê-lo, mas sim para abençoar o próximo. E quantos são abençoados, até hoje, pelo testemunho de Abraão?

Uma fé que é egocêntrica, voltada em obter coisas e benefícios pessoais, sempre será atrofiada. Para que a fé possa crescer, ela precisa ser exercitada na direção do próximo.

Esse é o segundo segredo para ter a fé de Abraão: Tire o foco de si mesmo e passe a usar sua fé para ajudar o próximo. Mas, como Abraão, não o faça apenas em palavras e orações, mas também sendo ousado e acreditando que o Senhor te abençoará.

Abraão correu vários riscos para fazer o que era reto e para ser misericordioso com o outro. Ter fé também é isso: É saber que quando você se levanta em prol do outro, o Senhor te abençoará.