O Falso Sentimento de Justiça

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Ainda ontem escrevi sobre como Ayrton Senna deixou um grande exemplo do que é o amor ao próximo, quando num ato de bravura deixou de lado toda a preocupação com a vitória e salvou a vida de um companheiro. (Clique aqui parar ler)

 

Na última segunda-feira, assistimos a um perfeito contra-exemplo disso, também ocorrido nos esportes, quando o jogador mexicano Layún deu um pisão em Neymar.

Quero deixar claro que meu objetivo não é falar de futebol, mas sim comentar uma coisa que, infelizmente, é bastante comum: O falso sentimento de justiça.

Neymar estava caído fora do gramado e o jogo já estava parado. O jogador mexicano se aproximou, fingindo ter a intenção unicamente de pegar a bola. Porém, o jogador deu um pisão maldoso no tornozelo de Neymar. E ainda ergueu o outro pé, para jogar todo o seu peso sobre o brasileiro.

É normal que, no calor dos acontecimentos, jogadores de futebol sejam um pouco mais truculentos. Mas isso não explica situações como essa, que são pura maldade.

Naquele momento, Layún queria vencer. E, em sua gana de se dar bem, queria tirar Neymar do jogo, machucando-o com o referido pisão, para que o Brasil ficasse sem um de seus principais jogadores.

Em nenhum momento Layún pensou nas consequências de suas ações. Um pisão daqueles poderia fazer muito mais do que simplesmente tirar Neymar daquela partida. Poderia, inclusive, fazer muito mais do que tirar Neymar da Copa do Mundo.

Aquele pisão poderia facilmente ter quebrado o tornozelo de Neymar, o que para um jogador de futebol seria catastrófico. Já vi muitos jogadores que jamais conseguiram voltar a jogar futebol depois de uma contusão mais séria, como poderia ter ocorrido.

Aquele pisão poderia significar o fim da carreira de Neymar. Mas Layún não pensou nisso. Porque na sua cabeça vinha apenas a vontade de ganhar.

Antes do jogo, o mesmo Layún foi cordial com os brasileiros, cumprimentando-os educadamente. Mas bastou ter interesses pessoais envolvidos e Layún passou por cima de tudo para poder realizá-los.

Muitas pessoas são assim: Até agem de forma correta, com bondade e cordialidade. Até são capazes de exibir algum grau de preocupação com o próximo. Desde que não entrem interesses pessoais no meio.

Na Bíblia Hebraica, temos um caso assim, que até hoje choca quando é lido:

“De manhã, Davi enviou uma carta a Joabe por meio de Urias. Nela escreveu: “Ponha Urias na linha de frente e deixe-o onde o combate estiver mais violento, para que seja ferido e morra”.” (2 Sm. 11:14-15)

Depois de adulterar com a esposa de Urias e ela engravidar, o rei Davi se viu numa enrascada. Como resolver o problema considerando que ele havia feito um filho na esposa de outro?

Para resolver o problema, Davi precisava se livrar de Urias. Para isso, mandou-o para a morte. Dessa forma, Davi poderia assumir a esposa dele e ninguém o condenaria.

Davi só se esqueceu de um detalhe: O Eterno vê todas as coisas. E Davi pagou um preço altíssimo por seu pecado, mesmo tendo se arrependido depois.

Isso nos mostra como, para o Eterno, esse tipo de conduta é abominável. Não devemos agir com integridade ou amor ao próximo apenas quando nos interessa.

O que mais existe por aí são pessoas perversas que acham que são justas, porque praticam a justiça quando é fácil ou quando não conflita com seus objetivos. Mas isso não é justiça.

Nossa conduta moral deve ser constante. O verdadeiro justo não se dá a conhecer quando praticar a justiça é fácil.

O verdadeiro justo se dá a conhecer quando praticar a justiça é difícil, cobra um preço, e vai contra seus interesses pessoais.